sou feita de silêncios. não é todo mundo que consegue compreendê-los. sou feita pra quem sabe ver. pra quem sabe sentir. pra quem consegue me decifrar. não é qualquer um que me entende. escrevo minha história a lápis. apago, corrijo, pulo linhas e parágrafos. arranjo e desarranjo. uso cores. transformo o vazio em palavras. encho o coração de lantejoulas e bolhas de sabão. tento calar as dores. se a previsão for de chuva, tento fazer um carnaval. mas às vezes paro os batuques apenas para ouvir melhor o bater do coração.
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Como escrevo minha história? Leminski dizia que não discutia com o destino, acho que eu também não.
Viver não cabe em linhas retas, em parágrafos perfeitos, em boa ortografia e sem erros gramaticais. Viver é letra torta, é pular linhas, é deixar em branco, é ultrapassar caracteres. E é, acima de tudo, escrever com o coração, é possível (e é preciso) acariciar os outros com palavras. Quantas páginas me restam? Nunca saberei, mas sei que vou querer mais. Eu quero sempre mais. Tenho asas. Preciso voar! Quero poder viver minha felicidade-nada-clandestina.
Só desejo que nossa história seja doce,mas não sempre, porque o doce só é doce quando provamos o amargo. Desejo que tenhamos um abraço pra morar, um cais para aportar e inspiração para que nossa história nunca se torne um papel amassado no cesto de lixo.
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sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.
.Clarice Lispector
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Zézim, remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente: é lá que está o seu texto. Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. De repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo de gestação do sub ou do in-consciente.
.Caio Fernando Abreu
Caio parece falar sobre o meu árduo trabalho de escrever a danada da dissertação.
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Estou também no Instagram.
Acompanhem as minhas bonitezas por lá.
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quem me acompanhava por aqui percebeu que há muito tempo o .desatino deixou de receber meus desatinos.
hoje inauguro um novo momento. um novo olhar.
já está no ar o “La Frida”, um espaço só meu, onde divulgarei minhas ilustrações.
quem quiser me acompanhar, corre lá!
não vá se perder por aí.
❤
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Sábado, 12 de julho de 2014. 39º dia de viagem.
Começamos o dia indo até a Catedral de Cristo Salvador, em russo Хра́м Христа́ Спаси́теля, localizada bem próxima ao nosso hostel e também pertinho do Kremlin e da Praça Vermelha. Esta catedral disputa o posto de principal igreja ortodoxa de Moscou com a Igreja de São Basílio – aquela famosa igreja coloridinha que todo mundo conhece.
Nem todo mundo sabe, mas esta catedral foi construída após a vitória do exército russo sobre as forças napoleônicas a mando do imperador russo Alexandre I, em honra de seus soldados mortos.
ao redor da igreja há uma praça, belíssima, por sinal.
o relógio marcava meio-dia quando chegamos a Praça Vermelha, em russo: Красная площадь, onde está localizada a famosa Catedral de São Basílio. é interessante saber que o nome da praça é vermelha não somente por sua cor, mas porque a palavra russa que lhe nomeia pode também significar “bonito”. e beleza ela tem de sobra! em frente a praça está localizado o Kremlin, uma verdadeira fortaleza que abriga o governo russo.
nesse dia parecia haver uma cerimônia para a posse de novos oficiais militares. muitos rapazes e moças passavam por nós vestidos com trajes de gala e acompanhados de seus pais e parentes que lhe entregavam flores, batiam milhares de fotos e jogavam moedas para trás – talvez como sinal de boa sorte.
na Praça Vermelha está localizado o mausoléu do Lênin, um dos maiores ícones da Revolução Russa.
esta última foto é só a título de ilustração. este é apenas um dos canteiros de flores espalhados pelas ruas de Moscou. como a foto mostra, elas são sempre bastante coloridas. é de encher os olhos!
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Sexta-feira, 11 de julho de 2014. 38º dia de viagem.
Chegamos a Rússia por volta das 14h. estava um dia bem bonito, nem quente nem frio. super agradável. a primeira impressão foi de estranheza, afinal não é todo dia que seu alfabeto some e tudo se transforma em cirílico, até seu nome, que passa a ser ЖУЛиAHE. mesmo assim, todo o medo que eu tinha da Rússia se desfez num minuto! a recepção no aeroporto foi ótima, logo conseguimos nos localizar, ninguém tentou nos atropelar na chegada e nem um urso sequer apareceu… haha alguns esteriótipos foram quebrados, outros foram ratificados.
nosso hostel, Oh So Indie, ficava a poucos quarteirões da Praça Vermelha, mas nosso cansaço de uma noite dormida no aeroporto não permitiu chegar até lá no primeiro dia. conhecemos, então, apenas os arredores do hostel, onde encontramos várias lojinhas de souvenir, vários artistas de rua e muita coisa bonita.
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