– A roseira não assusta você? Perguntou suave.
– Esta não: esta tem espinhos.
Vitória franziu as sobrancelhas:
– E que diferença faz se tem espinhos?
– É que só tenho medo, disse Ermelinda com certa voluptuosidade, quando uma flor é bonita demais: sem espinho, toda delicada demais, e toda bonita demais..Clarice Lispector in A Maçã no Escuro.
Archive for 22 de dezembro de 2009
Posted in infinito ao meu redor, tagged clarice lispector, livros on dezembro, 2009| Leave a Comment »
escrever…
Posted in infinito ao meu redor, tagged caio f. on dezembro, 2009| Leave a Comment »
Escrever – e você sabe disso – pode eliminar essa sensação de gratuidade no existir, de coisas o tempo todo fugindo e se transformando em passado. Eu acho então que se escrever te dá um sentido para estar viva (ou a ilusão de um sentido, que importa?), então vai e escreve e diz tudo e rasga o coração, as vísceras, expõe tudo, grita, esperneia – no papel.
.Caio Fernando Abreu
Posted in infinito ao meu redor, tagged paulo leminski on dezembro, 2009| Leave a Comment »
ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra não voa
porque não quer
não porque não tem asa.Paulo Leminski
agora em silêncio.
Posted in infinito ao meu redor, tagged rita apoena on dezembro, 2009| Leave a Comment »
Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas.
.Rita Apoena
um luxo radioso de sensações
Posted in infinito ao meu redor, tagged eça de queiroz on dezembro, 2009| Leave a Comment »
Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações.
.Eça de Queiroz