não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob espécies de papel e tinta.não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos..João Cabral de Melo Neto
Archive for 27 de dezembro de 2009
Posted in infinito ao meu redor, tagged joão cabral de melo neto on dezembro, 2009| 1 Comment »